Uma definição bastante aceita nos estudos psicológicos é que agressão é qualquer comportamento com intenção de ferir alguém física ou verbalmente. Ela pode se manifestar de diferentes formas:
- a agressão instrumental: empregada para obter ou reter um brinquedo ou outro objeto qualquer;
- a agressão reativa: a retaliação raivosa em função de um ato intencional ou acidental;
- a agressão ameaçadora: um ataque de agressão espontânea;
- a agressão relacional ou agressão social, que envolve insultos e rejeição social.
A agressão se inicia “a partir de um autoconceito e de uma regulação emocional inadequados durante os primeiros anos de vida de uma criança.
Mesmo no período pré-natal, a criança já sente se é aceita ou não e isso poderá ter consequência no comportamento do bebê. Assim sendo, o ambiente familiar é um dos, senão o principal fator influenciador dos comportamentos agressivos de crianças.
A agressividade se diferencia em duas etapas: nas crianças de 2 a 3 anos as agressões são mais físicas, por meio de chutes e tapas, já nas crianças de 3 a 5 anos as agressões são principalmente verbais, como dar apelidos e rir dos outros colegas.
As crianças são mais agressivas aos 4 que aos 2 anos, pois, à medida que se tornam mais conscientes de si mesmas e de suas necessidades, as crianças têm maior probabilidade de defender seus próprios interesses. Entretanto, crianças que são agressivas com seus colegas são rapidamente rejeitadas, e os colegas passam a se comportar de maneira desconfiada, aumentando a probabilidade de reações agressivas.
Mas é importante considerar que toda criança passa por um momento inicial em sua trajetória de desenvolvimento cuja característica é o egocentrismo, em que se julga no centro do mundo e que todos ao seu redor vivem em função dela. Portanto, o egocentrismo infantil, está longe de constituir um comportamento antisocial.
As crianças aprendem inicialmente suas obrigações morais pela imposição dos pais ou imposição do círculo social, pois elas não têm compreensão da regra (coação). Aprendem o que é certo e errado por meio da obrigação, não percebendo o porquê de estar certo ou errado. Para que o desenvolvimento da moral ocorra, é necessário o respeito mútuo e os exemplos familiares.
Dessa forma, a agressividade parece estar ligada ao desenvolvimento da moral na criança, pois a criança que não respeita condutas morais, ou seja, não acata regras e tem dificuldade em controlar suas demonstrações emocionais, pode manifestar-se de forma agressiva. Este estado pode ser fruto de um ambiente coercivo, do aprendizado pela imposição dos adultos ou mais velhos, pela falta de afetividade positiva no ambiente familiar. Portanto, para que a agressividade diminua nessa faixa etária, é necessário proporcionar também à criança o desenvolvimento de condutas morais.
Estudos sobre a agressividade no ambiente familiar evidenciaram que nas famílias, em que não há demonstrações de aprovação e afeto, as crianças são extremamente agressivas. Também ambientes familiares coercivos, com punições, ameaças, provocações entre os membros familiares, contribuem para o desenvolvimento da agressividade nas crianças.
Portanto, se quiser criar uma criança agressiva:
- ignore-a, humilhe-a e provoque-a.
- grite um bocado.
- mostre sua desaprovação a tudo o que ela fizer.
- encoraje-a a brigar com irmãos e irmãs.
- brigue bastante, especialmente no sentido físico, com seu parceiro conjugal na frente da criança.
- bata-lhe bastante.
- ameace-a, castigue-a, engane-a, minta-lhe, seja permissivo, ensine-a que o mundo é dos ‘vivos’, vangloriando-se diante dela de atos dos quais deveria se envergonhar.
No ambiente escolar existem alguns fatores que podem desencadear a manifestação de comportamentos agressivos. Eles podem ser fatores internos que dizem respeito ao clima escolar, relações interpessoais e características individuais, e fatores externos que englobam o contexto social, meios de comunicação e família.
Há de se considerar que quando a escola não consegue lidar com a agressividade das crianças, o ambiente pode se tornar altamente propício para o aumento dessa agressividade, pois uma criança que é hostil e rejeitada pelos colegas, poderá se impor sempre de maneira violenta como forma de defesa, ampliando assim o contexto da agressão.
Na escola os comportamentos agressivos das crianças podem ser identificados pelos professores e tratados de forma adequada, pois é observado comumente que castigos e ameaças verbais podem ser percebidos pelas crianças não como uma punição, mas como forma de se receber atenção dos pais e professores por seus comportamentos agressivos inadequados.
Algumas dicas mudar o comportamento agressivo das crianças envolvem intervenções salientando um modelo positivo, de respeito e relacionamento afetuoso com as crianças, contrapondo-se às maneiras de se lidar com a agressão através de sanções ou punições de forma coercitiva no relacionamento com a criança.
Esse é um grande desafio, mas é a única possibilidade de reverter esse processo.
Sempre é tempo!