Limites excessivos, inadequados ou inexistentes, como a condescendência ilimitada, a dificuldade em ter clareza do que é ou não aceitável, e a tolerância a abusos emocionais, sexuais ou físicos, podem ser alguns dos sinais que indicam uma patologia familiar.
Da mesma forma, a falta de empatia por alguns membros familiares e o excesso de compreensão a outros membros, ou seja, a marginalização afetiva de um dos filhos em detrimento de outros, pode indicar que existem sinais de desajustes relacionais.
Dar a uma criança o que por direito pertence a outrem e oferecer tratamento desigual e injusto de um ou mais membros da família devido à ordem de nascimento, sexo, idade e seu papel na família, podem também sugerir desequilíbrios relacionais e gerar distúrbios graves de conduta.
Bodes expiatórios estão por toda a parte, uma vez que, muitos pais, (conscientemente ou imprudentemente podem culpar uma criança pelas malfeitorias de outrem). Disciplina defeituosa (ou seja, o castigo “surpresa”), baseada mais em emoções ou em políticas arbitrárias de família do que em regras estabelecidas também podem sinalizar o adoecimento familiar.
Não menos delicada é a situação na qual, quebras de promessas são frequentes sem justos motivos, o contato físico desrespeitoso, assim como a falta de respeito em relação aos limites do outro, como por exemplo, o desfazer-se de objetos pessoais pertencentes à criança sem o seu devido consentimento e justificativas.
A agressividade contínua explicita ou implícita entre os adultos sem o modelo do resgate via diálogo de uma solução pacífica, pode levar a criança a entender de que tal forma de conduta é normal e aceitável.
Famílias adoecidas também são resultado de adultos codependentes afetados pelos vícios, como o abuso de substâncias (álcool, drogas etc.). Pais ausentes raramente disponível a seus filhos devido à sobrecarga de trabalho, também podem gerar sensações de abandono nos filhos.
Outras origens para o adoecimento familiar envolvem os transtornos mentais não tratados e pais que imitam seus próprios pais disfuncionais ou fazem exatamente o contrário do que eles faziam. Em alguns casos, um pai imaturo permitirá que o pai dominante abuse de seus filhos.
Os preconceitos de gênero (tratamento justo de um gênero, tratamento injusto de outro gênero das crianças), discussão sobre a sexualidade e exposição a ela: sejam estas demasiadas e cedo demais, ou muito pouco e tarde demais, podem gerar desajustes no desenvolvimento da sexualidade infantil e sinalizam desajustes familiares.
De forma geral, portanto, as crianças são vitimas do amor condicional, da falta de respeito, do desprezo, da intolerância diante da expressão de seus sentimentos frutos do adoecimento de seus pais.
Geralmente ouvem: “você não faz nada direito”, “pare de questionar”, “se não fizer tal coisa, não te amo mais”, “você devia se envergonhar”, “faça o que digo e não o que faço”, “pedir desculpas não adianta”, “olhe como seu irmão (a), é melhor que você”, “você só sabe mentir”, enfim, essas e outras afirmações geram um conflito da criança em relação ao que ela pensa, sente emocional e fisicamente assim como em relação aos seus comportamentos.
Portanto, sempre é tempo de fazer uma revisão as atitudes vigentes no contexto da família para prevenir ou remediar, por que é necessário e possível o resgate a saúde existencial.