O olhar da mãe na construção imagem corporal do bebê

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O bebê ao nascer devido sua imaturidade neuromotora não tem noção dos seus limites corporais, do que pertence a ele e ao outro. Estes serão definidos à proporção que o seu crescimento e desenvolvimento acontecem. De modo que, o conhecimento e o domínio do seu corpo, vai sendo instalado momento a momento, em uma íntima relação com a estruturação do “ eu ” corporal, marcado a partir da relação com o Outro.

Esse primeiro “outro” é a mãe principalmente por meio de seu olhar que o reflete como um espelho, iniciando o processo de constituição da sua imagem corporal. Através da visão, o bebê captura o olhar materno e se vê refletido e refratado nele, o que lhe confere unidade.

Ao se vê refletido, tende a virar-se e buscar o olhar daquele que o sustenta, na tentativa de encontrar com o olhar deste outro, e então possa ter confirmado o que vê: a sua imagem.

Assim as primeiras imitações se inciam: precoces e alienantes, como se ele e a mãe fossem um, para somente depois, tomar posse de sua própria imagem. As vivências afetivas, as emoções, os sentimentos positivos, a história experienciada, as vivências tônicas, serão provedoras da imagem corporal e geradoras da identidade pessoal e da autonomia do bebê.

A integração dos movimentos, das sensações e das percepções, facilitarão a que o bebê passe a se reconhecer como sujeito que poderá ser capaz de agir no meio e então entender ser diferente dos objetos e das pessoas. Desta forma, a criança, ao apoiar-se em sua imagem, terá garantida a possibilidade de desdobrar-se e desconhecer-se, a fim de que possa brincar do que não é.

O toque da genitora, recheado por cargas afetivas, é facilitador de que o bebê responda em ato e se posicione, conferindo consistência ao seu eixo postural e ao imaginário corporal.

No processo de inter-relação entre o bebê e sua genitora, e na rede de imbricamento existente entre o olhar e o toque, não se pode deixar de destacar, a voz materna, que tem um papel de relevância, no enlaçamento do desenvolvimento corporal e na constituição da imagem corporal. Suas características de som, sedução e intimidade melodiosa são resultantes da relação de afetividade existente entre o bebê e sua mãe.

Assim, a genitora, através da sua fala, contribui para o processo de subjetivação do seu filho, provocando um maior interesse do bebê.

Como resultante, surge a busca mais ativa do bebê, pelo olhar do Outro, se exibindo para este olhar, lhes mostrando como é hábil e , claro, na expectativa de que seja elogiado por sua mãe.

Assim, o bebê, diante destas sensações e percepções captadas e interpretadas, respectivamente, aprimorará a sua resposta motora, realizando movimentos cada vez mais coordenados e complexos, e que também serão facilitadores para um maior ajuste e reconhecimento corporal e espacial.

Por fim resta o processo de constituição da imagem corporal portanto, é favorecido a partir deste íntimo diálogo- tônico estabelecido na díade mãe-bebê e recheados de estímulos sensoriais, que são investidos pela genitora ao: olhar, tocar, conversar, sentir e perceber o seu bebê.

Diante do jogo que se inicia, mãe e bebê estabelecem um contínuo dueto, onde os participantes encontram-se em uma interlocução: de um lado, encontra-se a genitora que esforça-se para decifrar os recados emanados pelo seu bebê e por outro lado, o bebê, que derrete-se e entrega-se diante do olhar materno.

Sempre é tempo, portanto, de rever o seu olhar, o toque, o diálogo estabelecido com a criança por que afinal, desses detalhes nascem a imagem corporal. 

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