Neofobia alimentar: seu filho tem dificuldade de enfrentar novos alimentos?

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A neofobia tem, assim, sido definida como um traço de personalidade manifesto pela falta de vontade em experimentar novos alimentos e, a recusa/tendência para rejeitar novos alimentos.

Desde que nascem, as crianças têm predisposições genéticas que determinam e restringem as preferências alimentares. Entretanto, de acordo com a perspectiva desenvolvimentista, fatores ambientais agem em conjunto com as predisposições genéticas para formar as preferências alimentares. Estas são caracterizadas por: (a) uma preferência inata por sabores doces e salgados; (b) uma rejeição de sabores azedos e amargos; (c) uma rejeição de novos alimentos (neofobia); (d) uma aprendizagem de preferências pelos alimentos que são mais familiares e; (e) uma aprendizagem de preferências através da associação de contextos e consequências do consumo dos alimentos.

A partir do momento em que a dieta alimentar das crianças deixa de ser puramente constituída por líquidos e passa a incluir alimentos sólidos, inicia-se o processo de transição para a dieta alimentar adulta, onde as preferências alimentares influenciam o consumo de alimentos. É a partir daqui que se pode manifestar a predisposição para ter respostas neofóbicas.

Nos primeiros meses de vida, os níveis de neofobia são reduzidos, depois entre os 18 e os 24 meses (primeiros anos de vida) dá-se um aumento acentuado dos níveis de neofobia, sendo que posteriormente os níveis de neofobia vão diminuindo, chegando a atingir uma grande variabilidade na idade adulta.

O medo de experimentar novos alimentos leva à rejeição desses mesmos alimentos e a uma restrição da variedade possui um valor adaptativo. Entre algumas causas se encontram:  a superproteção materna que pode impedir que as crianças se tornam mais independentes e com capacidade para procurar e escolher os alimentos e à antecipação de um mau sabor.

Outros factores têm demonstrado influência, na neofobia:

(a) as consequências pós-ingestão e os sentimentos de prazer e saciedade; se estes forem positivos, o consumo dos alimentos tenderá a aumentar e, por conseguinte, a resposta inicial neofóbica tenderá a

(b) a modelagem, i.e, a observação de outros indivíduos, nomeadamente os pais ou indivíduos que lhe sejam familiares e com os quais a criança tem uma relação próxima. Quando a criança observa esses modelos a comer novos alimentos ou a comer alimentos de que ela não gosta, e se estes fornecerem informação sobre o bom sabor desses mesmos alimentos, a resposta evitante da criança poderá sofrer uma redução ou transformar-se numa preferência alimentar.

Por isso reflita sobre:

  1. Seu estilo parental na alimentação é (autoritativo, autoritário, indulgente/permissivo e negligente)?
  2. Estratégias parentais na alimentação: restrição do consumo de alimentos que os pais consideram que não são saudáveis para as crianças? ou a pressão para comer alimentos considerados saudáveis, e a utilização de recompensas para que a criança coma determinados alimentos? As estratégias que pretendem restringir o acesso das crianças a determinados alimentos podem contribuir para que esses mesmos alimentos passem a ser considerados mais atrativos para a criança, podendo levar ao aumento da preferência e consumo dos mesmos. A pressão para comer tudo o que está no prato também pode provocar consequências negativas, como o fato de as crianças não conseguirem aprender o auto-controlo, i.e, a identificar os momentos em que está realmente com fome ou por outro lado, em que já atingiu um estado de saciedade. A utilização de certos alimentos como recompensa para a criança comer outro alimento que lhe agrada menos, também poderá conduzir à reação inversa da intenção dos pais, pois em vez de a criança passar a preferir o alimento de que não gosta, passa a gostar ainda mais do alimento que está a servir como recompensa.
  3.  Disponibilidade e acessibilidade dos alimentos: tanto a disponibilidade como a acessibilidade dos alimentos podem influenciar a formação das preferências alimentares das crianças, originando e promovendo ou impedindo uma dieta alimentar adequada e saudável, por parte das mesmas. Quanto maior for esta disponibilidade e acessibilidade aos alimentos, mais facilmente a criança irá formar preferências por esses mesmos alimentos, pois a exposição frequente aos mesmos leva a que estes se tornem familiares para elas. Ou seja, as crianças tendem a preferir os alimentos que lhes são familiares em vez dos alimentos que lhes são estranhos, assim como tendem a consumir e a preferir os alimentos aos quais se encontram diariamente expostas durante as refeições familiares.
  4. Aprendizagem social na alimentação pois, é através de modelos que as crianças tendem a adotar comportamentos de consumo alimentar e a definir as suas preferências, sendo estes modelos as pessoas mais importantes e mais próximas para a criança e qeu podem se manifestar de várias formas: (a) através dos seus próprios comportamentos durante as refeições, e.g, a observação de um pai a comer e a gostar de determinado alimento pode levar a criança a querer experimentar esse alimento e possivelmente a estabelecer uma preferência pelo mesmo; (b) através das reações que demonstram ao ingerir os alimentos, como fazer caretas por não gostar do alimento ou fazer comentários negativos acerca do mesmo, e vice-versa e das atitudes que têm para que a criança ingira os alimentos, como fazer pressão ou dar recompensas; (c) através das escolhas dos alimentos que vão comer, influenciadas por fatores económicos e culturais e; (d) através da informação que dão à criança sobre os alimentos, como por exemplo estes serem ou não saudáveis, ou terem um bom ou mau sabor.

5. Ambiente emocional durante as refeições: um ambiente emocional positivo ou negativo, onde os pais modelam o comportamento alimentar da criança, levando à definição da qualidade da dieta da criança. Se o ambiente emocional durante a refeição familiar for positivo, pode aumentar a tendência para preferir os alimentos que se encontram disponíveis. Ao contrário, se o ambiente emocional for negativo, pode aumentar a aversão da criança pelos alimentos que está a ingerir.

6. Crenças e conhecimentos nutricionais dos pais: as crenças e conhecimentos sobre alimentação dos pais influenciam as suas atitudes e comportamentos educacionais e como tal também determinam, em parte, as preferências e os padrões alimentares das crianças.

Boas reflexões!

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Curso Online
3 anos atrás

Sou a Marina Almeida, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.

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