Meu filho tem insônia: o que fazer?

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O sono desenvolve-se durante a noite, de forma cíclica, através da alternância dos estágios NREM-REM. Breves períodos de despertar parcial ou total podem ocorrer e são normais, e nestes casos, a criança deve voltar a dormir espontaneamente. Entretanto, períodos mais longos preocupam os pais e com razão.

Entretanto, antes de saber o que fazer é preciso verificar as causas, uma vez que, o problema contém a solução.

Muitos problemas de insônia ocorrem durante alguma enfermidade médica. Entre eles, as doenças respiratórias, febre, otite, traumatismos, início da dentição, alergia ao leite, refluxo gastroesofágico, entre outros.

Outras causas são emocionais, como o medo e a ansiedade, principalmente a partir de 10 meses de idade, quando a criança se percebe separado de sua mãe, acarretando stress e resistência para dormir.

Aos dois e três anos, o medo se torna a causa maior para provocar a insônia. O medo de ficar sozinho pode estar associado a filmes ou histórias, ao fato de presenciar brigas entre os pais, ou a qualquer outro evento amedrontador.

Em adolescentes e pré-adolescentes, a depressão e a ansiedade são causas frequentes de insônia.

De qualquer forma é importante verificar os hábitos e as associações envolvidas no ato de dormir, para qualquer idade.

A criança necessita de estímulos para iniciar o sono, tais como serem embaladas, receber batidas nas costas, ficar no colo dos pais e depois dormem normalmente? Depois acordam e requerem as mesmas medidas indutoras de sono, necessitando do envolvimento dos pais?

Se esse for o caso, é preciso verificar a qualidade diurna do contato dos pais com essa criança. Ficar “acordando” é uma forma de usar a noite para compensar a falta sentida durante o dia.

A alimentação noturna pode também ser a causa de muitas insônias. A partir dos 6 meses, excetuando os casos de prematuridade, o lactente não tem mais necessidade de ser alimentado durante a noite. Quando a lactação é mantida, ocorrem mais episódios de despertar, pois esta passa a ser um processo de transição entre vigília e sono, além disso, a fome fica condicionada ao horário noturno.

Outra causa que provoca a insônia é a falta de limites. A falta de habilidade para estabelecer limites, sentimento de culpa, problemas psicológicos, alcoolismo, depressão materna, stress familiar, dificultam o estabelecimento de limites, no momento em que a criança adquire habilidades motoras para sair do berço, e os pais abdicam o controle sobre as atividades noturnas de seus filhos.

A falta de limites também envolve o estabelecimento do horário de dormir. Um dos problemas mais frequentes é o estabelecimento do horário de dormir antes da hora adequada, em período de intensa vigília, o que faz com que a criança permaneça deitada sem sono (porque dentro do seu ritmo interno é cedo para ter sono).

Outro aspecto a ser observado é o relacionado a higiene do sono que se refere ao estabelecimento e manutenção de condições adequadas a um sono saudável e efetivo e envolve três aspectos fundamentais: ambiente, horário e atividades prévias ao sono.

– O ambiente do sono deve ser: escurecido, silencioso e com temperatura adequada (evitar excesso de aquecimento).

–  Os horários de dormir e acordar devem ser consistentes e regulares. Os horários de sesta durante o dia devem ser adequados para a idade, e sempre regulares e consistentes.

– A rotina de atividades antes de dormir deve ser consistente (exemplo: banho, jantar, escovar dentes, colocar pijamas, ir ao banheiro, música calma ou histórias suaves).

– O método de colocar a criança na cama também deve ser consistente, podendo-se utilizar os chamados objetos de transição – algum brinquedo, boneca, fralda predileta, chupeta, entre outros.

– Deve-se evitar atividades físicas vigorosas antes de dormir, programas de TV ou histórias que possam atemorizar, e colocar a criança acordada na cama, antes do horário previsto para dormir.

            A primeira etapa no manejo da insônia consiste no diagnóstico das causas e isto pode ser realizado através da anamnese e do exame físico. Nos casos necessários, exames complementares podem auxiliar neste diagnóstico. A segunda etapa consiste no tratamento direto ou remoção da causa de insônia que pode envolver uma intervenção psicoterapêutica e terapêutica medicamentosa.

Para facilitar o diagnóstico os pais podem tentar fazer um diário do processo do sono da criança, incluindo relato de como habitualmente a criança dorme, rituais pré-sono, as associações para induzir o sono, e o ritmo sono/vigília nas 24 horas. Inclua nesse diário também aspectos que possam envolver história familiar de distúrbios do sono.

Dicas importantes seguem abaixo:

– Nos casos de medo e ansiedade, o principal objetivo é identificar a causa e removê-la. Postergar o horário de dormir para o momento em que a criança fica sonolenta também pode resolver este problema.

– Nos casos de hábitos/estimulação para dormir que contam com muito envolvimento direto dos pais, estes devem treinar a criança para dormir diretamente no berço, utilizando seus objetos de transição, diminuindo gradativamente a necessidade da intervenção paterna.

– Quando a insônia está relacionada ao padrão de alimentação noturna, a solução é reduzir gradativamente a oferta de alimentação noturna, de forma a descondicionar este hábito.

Finalmente lembre- se de que, o estabelecimento de rotinas positivas deve iniciar mais ou menos 20 minutos antes do horário de deitar. Estas rotinas podem ser acompanhadas pelos pais, e o seu tempo deve ser reduzido gradualmente até coincidir com o horário ideal; após a realização das mesmas, a criança deve dormir em sua cama.

Os pais devem ignoram o despertar e o choro da criança por períodos de tempo previamente definidos, e que devem aumentar semanalmente.

Podem entrar no quarto e checar se está tudo bem, se existe algum problema real. Devem sair em seguida, ignorando o restante do episódio de choro.

Essas atitudes também podem ser realizadas com um dos pais permanecendo no quarto da criança, mas sem interagir com a mesma.

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